sexta-feira, 24 de abril de 2009

Os Anos 20 e suas "mutações sociais"


Os "loucos anos 20" e as mutações nos comportamentos e na cultura
«Os anos 20 (1924-1929) foram anos de prosperidade. O of life"American way " ("estilo de vida à americana") invadiu a Europa. Aos benefícios da sociedade de consumo associou-se a busca de prazer e a evasão e intensificou-se a vida nocturna. Os teatros, os cinemas, os night-clubs e outras salas de espectáculos e de jogos das grandes cidades tornaram-se locais habitualmente frequentados. As novas bebidas (cocktail), as novas músicas (sobretudo o jazz) e as novas danças (charleston, lambeth walk, swing e rumba) passaram a animar a vida nocturna. Rallies de automóveis, corridas de carros e de cavalos e outros desportos (como o futebol) constituíam outros divertimentos que envolviam grandes massas. O rápido desenvolvimento dos meios de transporte (comboio, automóvel, avião) e dos meios de comunicação (rádio, telégrafo, telefone...) acelerou o quotidiano das pessoas, favorecendo uma maior mobilidade espacial e do ritmo de vida. A moda de viajar entrou nos hábitos e prazeres das classes médias. Às viagens de negócios acrescentaram-se as viagens lúdicas, de turismo, quer no interior dos próprios países, quer para países estrangeiros, criando-se e desenvolvendo-se novas infra-estruturas para apoio destes lazeres: agências de viagens, serviços de hotelaria especializados, mapas, guias turísticos, bilhetes-postais ilustrados, etc. Paralelamente a este novo estilo de vida, o período entre as duas guerras mundiais caracrterizou-se por uma latente inquietação e instabilidade nos comportamentos sociais. A pas estabelecida pelo Tratado de Versalhes, que pôs fim à 1.ª Guerra Mundial (1919), foi uma paz aparente, já que, na Alemanha e na Itália, o nazismo e o fascismo iniciavam a sua caminhada galopante. A crise de 1929 viria a agravar essa instabilidade gerando mesmo angústias e miséria que iriam ter consequência nas duas grandes guerras.









Entre 1914 e 1918, com a Primeira Guerra Mundial, viveu-se uma época de horror e destruição, com a mobilização dos homens para a guerra, a ruína da economia e a crise de valores. Porém, terminada a guerra, a economia mundial conheceu uma fase de recuperação e prosperidade.

Eram os "Loucos Anos '20". Os padrões de vida alteraram-se. Era a era do jazz, do charleston, dos cabarets, das casas de chá e dos clubes, da preferência pelo teatro em vez do cinema. Na moda feminina, as saias subiram do tornozelo até ao joelho, e o homem trocou a casaca pelo fato.

Também nesta altura houve um grande desenvolvimento da imprensa, com o aumento do número de jornais e de revistas e com a vulgarização do romance policial e da banda desenhada (Tintin, Mickey...); da rádio, com o surgimento das grandes cadeias de rádio como a NBC e a BBC; e do cinema, com o surgimento dos filmes sonoros, da construção de salas apropriadas e com o surgimento das grande produtoras.

O teatro, as exposições de arte e o desporto também ganharam outro fôlego. O futebol distinguiu-se entre os demais, mas, em alguns países, o boxe tinha também grande popularidade. Assim, criou-se uma cultura comum à maioria dos membros da sociedade - a cultura de massas.

Nos anos '20, também se deu uma explosão do saber científico, com descobertas sensacionais nos domínios da Física, Astronomia, Biologia, Medicina e Ciências Humanas, como a Psicologia e História. Entre estas descobertas, encontram-se: a Teoria da Relatividade de Einstein, o estabelecimento da teoria do Big Bang como explicação para a origem do Universo, a descoberta da penicilina por Fleming, a fundação da Psicanálise por Freud, a descoberta de novos dados sobre a origem do homem, entre outras.

A prosperidade dos anos '20 criou, assim, um clima de confiança na economia. Estava na moda comprar acções, pois era mais lucrativo investir na especulação do que na produção de bens. Porém, esta situação iria levar a desastrosas consequências.

No início de 1929, nos Estados Unidos, os homens de negócios começaram a aperceber-se de uma baixa na produção de aço, na construção civil e na venda de automóveis. Assim, algumas pessoas começaram a vender as suas acções. Este movimento foi crescendo até que, no dia 24 de Outubro, denominado de "Quinta Feira Negra", milhões de acções foram postas à venda. Mas, como não encontraram compradores, foram perdendo o seu valor. Era o 'crash' da Bolsa de Wall Street!

Esta crise alastrou aos bancos, à produção agrícola e industrial. Muitas empresas foram à falência e milhares de trabalhores foram despedidos. A miséria atingiu as cidades e os campos, lançando no desespero vastas camadas da sociedade norte-americana.

A crise começou nos Estados Unidos, mas depressa se estendeu a outros países. Entre 1929 e 1933, a economia mundial, com excepção da Rússia que tinha um sistema económico diferente, conheceu uma profunda depressão. Iniciava-se, então, o período designado por Grande Depressão.


O crescimento das cidades verificou-se nos finais do século XIX e no início do século XX, o que veio romper com o equilíbrio entre a cidade e o campo, perturbando as relações familiares e sociais.

A concepção positivista da ciência entrou em declínio: o racionalismo, a certeza e o absoluto deram lugar à incerteza, ao relativismo e ao determinismo.
Houve mudanças também nas correntes literárias e artísticas.

O crescimento urbano, que se tornou cada vez mais complexo e desenvolvido, teve consequências irreversíveis até aos dias de hoje, não só nos domínios político e social, mas também económico e cultural.
Houve uma grande transformação na vida urbana.
A cidade passou a situar-se no primeiro lugar da vida social, não só do ponto de vista quantitativo (existia grandes massas populacionais), mas também como centro de actividades poderosas e fundamentais (políticas, administrativas, bancárias, comerciais, industriais, serviços...).
O desenvolvimento das cidades destacou-se, ainda no século XIX, como um dos fenómenos mais importantes da História, podendo esse facto ser definido como resultado básico e decisivo das transformações do sistema industrial.
De facto a industrialização veio alterar profundamente a dimensão e o carácter das cidades. Em 1800 contavam-se apenas 15 grandes cidades, passados 50 anos já se podiam contar cerca de 40 e 100 anos mais tarde eram 700.Estas grandiosas cidades passaram a apresentar algumas características semelhantes, como: casario denso e muitas vezes uniforme, ao longo de avenidas e ruas e ao redor de largos e praças; ritmo agitado; tráfego caótico; poluição; etc…
Quase todas as grandes cidades (as “metrópoles”) cresceram, englobando os centros urbanos vizinhos, formando-se, assim, gigantescas superfícies edificadas, em muitos casos, com dezenas de quilómetros de extensão.

Algumas das metrópoles passaram para “megalópoles”, isto aconteceu com a união da área urbanizada entre as cidades ao longo de centenas de quilómetros. Por exemplo, entre Washington e Bóston, formou-se a maior megalópole do mundo, Nova Iorque.
Fenómenos idênticos de megalópoles aconteceram no Japão, na Alemanha e na Holanda.
Nestas grandes cidades observaram-se mudanças na própria estrutura urbana. O coração da cidade deixou de ser a praça ou a catedral, um lugar onde as pessoas se encontravam, para dar lugar aos grandes arranha-céus, aos grandes edifícios públicos, aos grandes centros comerciais, às sedes das grandes empresas a aos bancos, assim eram os “novos centros” das cidades.

Para atender às exigências e às necessidades de milhões de pessoas, as cidades precisaram de equipar-se com serviços públicos: transportes, escolas, abastecimento de águas, rede de esgotos, recolha de lixo, assistência médica, etc. Eram estruturas complexas, gigantescas e dispendiosas, planificadas para uma expansão contínua, ao ritmo do próprio desenvolvimento urbano.

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